04/04/2011

A tristeza do filósofo

(em testemunho a uma noite) A noite chegara. Comemorações. O aniversário de um de nós. A sagrada liturgia do reencontro entre líquidos viciantes e libertários e anunciantes e nobres carnes cozinhadas sob os eflúvios da mais alta gastronomia. Espaço-tempo. A noite divisória. A celebração da vida. Todos juntos. Fortes. Belos. Felizes. Felizes? Nem tanto, pois que nosso filósofo em sua indescritível bondade carregava em si e apenas para si um silêncio denso. Estranhamos. Respeitamos, sobretudo. E, isso pelo motivo que sabemos todos que as almas dos homens são por vezes incomunicáveis, apartadas umas das outras por movimentos e forças irrefreáveis. Sim, há momentos nos quais estamos em luto. E os olhos de nosso querido filósofo cavalgavam pradarias muito distantes. O seu corcel de fogo rasgava um invisível horizonte. E essa ferocidade turvava o seu semblante. Nada jamais seria como fora antes. E o filósofo, por fim, rumou para casa mais cedo do que de costume. E levou com ele uma parte de nosso lume. E, desde então, aguardamo-lo. O bandoleiro das tempestades intelectuais. O nauta que, solitário, rompe as mais ferozes vagas em desafio a Netuno. O amigo de sempre, digno representante das mais honradas gentes: aquelas que são singelas no tempo presente. PH.

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