27/12/2018

O adeus do Filósofo


Então foi assim, quando deram por sua falta, ele já não estava...

Saiu fugido da sociedade que ele chamava de corruptiva, da civilização que ele achava domesticada, de pessoas e suas índoles e do governo elitizado que ele não havia escolhido.

Foi viver pra acolá, às margens da sociedade, onde ele mesmo denominou como Refúgio.

Foi embora permanecer como um eremita, seu próprio alter ego idealizado, em meio à savana serrana do planalto central,  na contramão do sistema e onde ninguém poderia encontrá-lo, fazendo parte deste grupo seleto (in memorian *) dos que um dia foram, e nunca mais voltaram...

Mas ainda haverá um ou outro que um dia dirá: “eu o vi... trocamos ideias... bebi com ele...” em algum lugar, mostrando quem sabe, uma foto borrada como evidência, e mesmo assim, dentre suas poucas aparições na civilização, tal qual um alienígena de um planeta distante, vindo com o intento de abduzir alguma incauta, com proposito de saciar seus desejos mais carnais e suas experiências mais devassas, vários dirão: "ele não existe, é apenas fruto da imaginação desses outros... "

E então antes de cair na desmemória de todos,  poucos se lembrarão dele com saudosismo... muitos com total desinteresse e indiferença, outros sentindo a falta de uma jantinha, uma pinga, um real,  afinal de contas, ele também teve o the walking dead que mereceu.

E os mais novos ouvirão incrédulos algumas das suas histórias, alguns dos seus chavões,  como se fossem lendas ou invenções dos mais velhos, pois não poderão acreditar que ali, naquele local, assim como tantos outros colegas que já habitaram  por anos e anos afinco, simplesmente desvaneceram ...

Desapareceram  daquele lugar que em décadas ele se autorizou a chamar de templo, e parafraseando aqueles, que a chamaram de santa, de monólito no coração do Brasil, e que ainda hoje a chamam puramente de Marquise. 

* (In memorian : Paulo Vaz, Doca, Sorriso, Menino Band, Sr. Caique, Adelsom, Henrique, Gabi, Raquel, Ivan, O ìndio, Luian, Menino Pedro, Chewbacca, Diva, Fiat Amarelo...)

JB.

16/10/2018

A marquise


A marquise
(para todos que nela se abrigam)

Um céu que no céu se risque,
Uma delicadeza que resiste,
Um lugar lendário que existe,
Uma sutil beleza que persiste,
Um verso que algum nos disse,
Uma realeza que irreal insiste,
Um abrigo onde o mal não pise.

16/10/18

PH

27/09/2018


- Uma definição 

amor é uma luz à noite atravessando o nevoeiro

amor é uma tampinha de cerveja pisada no caminho do banheiro

amor é a chave perdida da sua porta quando você está bêbado

amor é o que acontece uma vez a cada dez anos

amor é um gato esmagado

amor é o velho jornaleiro na esquina que desistiu

amor é o que você acha que a outra pessoa destruiu

amor é o que desapareceu junto com a era dos navios encouraçados

amor é o telefone tocando, a mesma voz ou uma outra voz mas nunca a voz correta

amor é traição 
amor é o incêndio dos sem-teto num beco

amor é aço
amor é a barata
amor é uma caixa de correio

amor é a chuva sobre o telhado de um velho hotel em Los Angeles

amor é o seu pai num caixão (aquele que te odiava)

amor é um cavalo com a pernaquebrada tentando se levantar enquanto 45.000 pessoas observam

amor é o jeito que nós fervemos como a lagosta

amor é tudo que nós dissemos que não era

amor é a pulga que você não consegue encontrar

e o amor é um mosquito

amor são 50 lançadores de granada

amor é um pinico vazio

amor é uma rebelião em San Quentin
amor é um hospício
amor é um burro parado numa rua de moscas

amor é um banco de bar vazio

amor é um filme do Hindenburg se retorcendo um momento que ainda grita

amor é Dostoiévski na roleta

amor é o que se arrasta pelo chão

amor é a sua mulher dançando colada com um estranho

amor é uma senhora roubando um pedaço de pão

e o amor é uma palavra usada muitas vezes e muitas vezes
cedo demais.

BUKOWSKI, Charles. Amor é tudo que nós dissemos que não era.

24/09/2018





Uma certa marquise na highway ou 
uma certa highway na marquise

 

(à lembrança de Emerson, de Jansen, de Marcelo, de Rubão, de JB e de Louriva)
 

Defronte o horizonte incrédulo, lá onde o céu toca o semblante do viajante tímido, levanta-se a construção do monumento óbvio (e escondido nítido), o momento único, no qual o que avulta é a canção, o repúdio, uma desbragada dose de vida, a emoção incontida e em versos entoada, protegida pela longa estrada à espera dos passos dos homens que a percorrem e que se socorrem e que se dizem a todos: “Não corra! Não morra!”, enquanto eles próprios sobrevivem às chuvas de facas de afiados gumes, e nem tão sóbrios, esses homens-lumes, por vezes sórdidos, envolvidos em sorrisos como se fossem sólidos os avisos e concretas as palavras e feita de levezas a paisagem e construídas com certezas as verdades por onde eles andam, seus países, e são suas idades, as dos homens felizes, e com suas agendas, lindos como quem aguenta, garbosos como quem tenta, e sem garantia alguma que não seja apenas a da possibilidade sob a sombra da bondade na infinita estrada que em todos se abre (ou os funda), fazendo da mais bonita liberdade súdita da solidão profunda da imemorial saudade que os inspira como se fosse lógica toda mágica e pródiga toda fadiga, o que aos homens fustiga em brasa íntima, sendo eles dessa imperiosa vontade vítimas às quais a estrada se deita e se oferece, e ela mesma os espreita ao que acontece, feiticeira, tapete que se tece, disposta a tudo o que se queira, ondulando ao sol, silenciando à noite, sibilando em todos os sentidos, sinuosa serpente, o que faz despertar esses homens, os homens comovidos pela febre nossa, da nossa gente, e que mesmo em meio à orfandade deserta são reis por estranhos e estrangeiros desafiarem os meandros do reino inteiro cantando em coro a canção que se agiganta em sopro do coração.

24/09/18
PH



26/01/2018

Janeiro de 2018



Na ordem do dia:
1 - Marcelo
2 - Jans
3 - Aprille
4 - PH
5 - JB
6 - Pablo
7 - Bigode.