13/04/2011

O homem mau

Eu penso alguns instantes em algumas besteiras, mas só alguns instantes, logo volto ao normal. Fui intimado a responder a seguinte questão no churrasquinho do bigode. - JB, o que filosoficamente você acha do louco Wellington Meneses, que matou várias crianças la em Realengo no RJ. Em um primeiro instante relutei em responder. Minha cerveja estava cheia, era a primeira daquela terça-feira. Achei injusto fazerem tal pergunta, e sei que minha resposta não seria construida ou entendida por uma frase feita, então, fiquei de responde no blog. O assassinato que ocorreu na escola, no Realengo, remete a seguinte questão. O homem é um ser bom por natureza, ou ele é um ser mau por natureza. Bom, se o homem é bom por natureza (digo natureza, buscando visualizar o homem em um estado sem amarras da civilidação e da sociedade, onde viveria sem um contrato social), alguma coisa faz com que ele se torne mau perante o outro. Foi a civilização em que vive, a sociedade que lhe impos outros critérios de valores que não são os dele por natureza, transformando esse homem em algo codificado. Sendo assim, o assassinato no Realengo, fica justificado. O individuo matou tantas crianças, porque a sociedade, a civilização, esse contrato social do qual ele está inserido, o torna ruim, tira da sua natureza os seus principios mais básicos. Seria então o contrato social que transformou o bom homem, em alguém mau. Se o homem é mau por natureza (entenda o mau aqui, sendo ele mesquinho, egoista, individualista, que busca tirar proveito do outro, em beneficio próprio), alguma coisa então deve fazer com que ele segure esse instinto, tornando-o docil, sociavel, amável e civilizado. O assassinato em Realengo então nada mais é, do que a manifestação do seu lado mais instintivo, e que vai contra a ordem estabelecida que é do contrato social. Entenda como “contrato social” aquilo que faz parte de uma teoria que busca entre outras coisa, explicar uma ordem social, um acordo entre membros de uma mesma sociedade, fazendo com que o homem se prive de alguns direitos e liberdade, para que ganhe outras vantagens diante desta ordem social estabelecida, ou seja, eu não gostaria que meu vizinho roubasse minha casa, mesmo que eu tenha essa vontade de rouba-lo em algum momento. Deixando então que esse direito e liberdade sejam gerenciados ou por um governo ou por uma autoridade. Na realidade essas são duas teorias que falam da mesma coisa. O homem está inserido em um acordo, em um contrato social. Mas o que a teoria distingue uma da outra é quanto a posição da natureza deste homem diante dele. Thomas Robbes, em seu livro chamado Leviatã, dita sua frase mais conhecida, homo homini lupus, “o homem é o lobo do homem”, e que ele vivem em “uma guerra de todos contra todos”. Diz que com o contrato social uma vez estabelecido o homem se castra, fica inibido, lhe é proibido manifestar esse seu instinto mau e cruel. Jean J. Rousseau, acreditava que o homem é bom por natureza, foi a ideia de sociedade, de civilização que o transformou em alguém egoista, mesquinho, cruel, principalmente quando ele adquire a ideia de propriedade privada, surgindo dai uma desigualdade social. O contrato social seria o que torna o homema mau. Nelson Rodrigues tem um filme, onde é citada a frase “O mineiro só é solidário no câncer”, corroborando com a ideia de Robbes, onde o homem é por natureza mau, e se em algum momento ele é solidário, só o será diante de uma desgraça. O escritor Dostoieviski, na frase “se Deus não existe, tudo é permitido.”, faz uma clara alusão de que se não houver uma autoridade frente ao homem, ele será mau. Qualquer violência onde tenha como vítima uma criança, sempre tem um apelo emocional muito grande nas pessoas, talvez pela condição de indefesa, de inocencia, e isso acarreta em muito o julgamento de qualquer um que venha cometer um crime contra elas. Em alguns momentos, mas só em alguns momentos, utilizando principio da navalha de ockham, (ou a lei da parcimonia), penso que o homem é bom, ele é camarada, ele é piedoso em seu estado de natureza, o sistema, o estabelecido, essa estado social, essa civilização, o meio é que transforma e denigre a sua boa essencia. Existem seres dos quais não conseguem se adaptar a esse estabelecido, a essa comunhão social. Mas penso isso só em alguns instantes. Logo volto ao normal. JB.

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