01/02/2011

Boa Noite! Marquise

Estamos no inicio do ano de 2011 e um cheiro de revolução (pólvoras, multidões inflamadas e pneus queimados) invadiu a marquise, talvez um vento oriundo de muito longe, ecoando sons lá da cidade do Cairo, no Egito, perante a explosão da revolução dos muitos contra poucos!
Por um momento sinto o gosto amargo / doce da revolução e minha necessidade por ela, quase que cerro os punhos, segurando firme minha latinha de cerveja como se fosse um grande prêmio, abafo o grito silencioso na garganta. Queria a filosofia a golpes de martelo Nietzschiano, mas esse desejo é amenizado pelo simples ato de beber, não mais prevalece depois da segunda latinha.

Talvez estivesse padecendo apenas pela falta dos companheiros de luta (os quais denominamos "A diretoria"). Ando pelas mesas, dialogo com um e outro, quase ninguém presente, só o Bigode e uns poucos por ali em cantos diferentes. Cambaleio entre mesas, quase que em uma dança ilusória. Estou bêbado e ignoro a bebedeira como qualquer bêbado que ultrapassou seus limites, o primeiro sintoma já foi sentido, já perdi a audição, a segunda etapa será esquecer que tenho casa para voltar, a terceira será que amanhã será um novo dia e esse ainda não é o último, se deus quiser ... Se deus quiser??? Tenho minhas dúvidas!
Preciso ir ao banheiro, mas o fatídico banheiro público ainda não foi inaugurado, nem sei mais ir ao mictório, me falta algo, a parede molhada, bichos escrotos em frenesi, a bebida, o franguinho, a lingüiça, bisteca, coração e o baião de dois, tudo em um único gosto acre na boca.

Por um momento, segundos apenas, em meio a tudo e todos, me vem um sentimento, um estalo, um insight filosófico, uma visão quase religiosa, de que vi a verdade, a única verdade do mundo, mas antes que eu possa interpretar tal visão, tudo escurece, como um teatro que baixa suas cortinas, quando termina a peça. Busco esse olhar novamente, só encontro o “Nada” Sartriano na presença dos companheiros, "o ser!" diante de suas cervejas.
O crepúsculo místico da marquise, que já lhe é direito adquirido ser chamada e tratada por Sra. Marquise com letra maiúscula, mãe dos ébrios, solitários, boleiros, poetas, musicos, aqueles que estão apenas de passagem, os só de ida, os “devassos, libertinos, libertários, fesceninos” (Frase do PH), ou quase uma entidade divina, “Nossa Senhora das Marquises”, (frase do Emerson) guarda segredos e se apresenta como uma doutrinadora de princípios políticos, filosóficos, religiosos, mercantilistas e até científicos, e porque não dizer, musicais, diante do grande Marcelo e o violão ao lado, que já foras alvo de difamações já editadas anteriormente. Então só me resta ir dormir ao bafio, como Diógenes o Cínico.
JB.

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