26/01/2011

Nós, os frustrados da marquise.


Quem sabe o que nos levou mais uma vez ali, estando a "diretoria" reunida, bebendo e cantando no melhor estilo do Deus Baco e suas Bacantes. Mas há uma diferença entres os gêneros que não posso deixar de comentar. Carregamos uma angústia nos ombros, uma frustração no andar, um vazio no olhar que talvez tarda da nossa infância.

Sim, deve ter sido algo na infância, quem sabe foi um hábito produzindo e repassado a séculos, quem sabe se fomos moldados a ferro e fogo por uma cultura indesejada e que não escolhemos. Quem sabe estamos frustrados por não ter conseguido realizar nossos sonhos juvenis de outrora, onde pensávamos que um dia seriamos jogadores de futebol, grandes ídolos do rock and roll, super-heróis imortais, pilotos de fórmula 1 ou ainda um astronauta perdido e vagando no espaço.

Nossa frustração entra em um embate com o outro gênero. Elas estão ali, sorridentes, e suas alegrias parecem transparecer exatamente que sabem a receita correta de se buscar a felicidade, e elas estão muito mais propensas a consegui-la do que nós, espécie aborrecida. Não diferentemente, elas também são frutos de ilusões e fantasias da sua infância, onde em meio a quimeras, brincavam de bonecas, as quais tratavam de ”filhinhas”, brincavam de ter uma casinha, de fazer comidinha para o maridinho fictício. Tão moldadas quanto nos, mas sem esse olhar perdido no vazio, elas parecem saber o que querem, e lutam por isso, querem exercer a função inglória da maternidade, de buscarem o lôbrego título matrimonial como forma de alimentar sua ufania, sem querer conhecer a origem advinda da sua meninez.

Nós, os frustrados de plantão, ficamos horas e horas em trabalhos que não desejamos, tendo que suportar a dor surda e aceitá-la como se fosse algo banal. E então corremos após o expediente, como crianças imprudentes que correm para o brinquedo desejado. Vamos em direção à marquise, como se ali pudéssemos ser algo perdido no tempo, e em meio a um contágio lúdicro vindo das cervejas consumidas, nos iludimos mais uma vez, até que, como diz o poeta PH, “La Revolución vingar”, e que possamos moldar nossos espíritos sedentos pelas proezas e histórias de um cavaleiro andante, na marquise, bebendo cervejas.

JB.

Um comentário:

Leila Batista disse...

Adorei a foto do Zé.

Leila.